terça-feira, 27 de julho de 2010

A vida doce do Lobão, em pedaços.

Suas lágrimas que nunca brotaram Inundam sua alma, inundam sua alma.


Eu sou Nada e é isso que me convém Eu sou o sub-do-mundo e o que será que me detém?


Eu sou o Tenebroso, o Irmão sem irmão,
o Abandono, Inconsolado,
o Sol negro
da melancolia


Eu sou Ninguém, a Calma sem alma
que assola, atordoa e vem
No desmaio do final
de cada dia


Eu sou a Execução, a Perfuração
O Terror da próxima edição dos jornais
Que me gritam, me devassam e me silenciam


No espelho assistia à própria dor
De lembrar
Na sala vazia, a televisão ligada
Uma tentação de existir


Se ao menos, tanta coisa que se
Vive junto não evaporasse assim
Se, ao menos, na hora dela me deixar
Precisasse um pouco mais de mim
Se, ao menos, no escuro eu
Conseguisse apagar
Dormir sem sonhar, apenas
Dormir sem sonhar...


Uma, duas, três, já eram quatro da manhã
E eu andando por aí desde que anoiteceu
Perambulando na calçada de bar em bar
Tentando achar alguma coisa para me esquecer
Me distrair ou amanhecer
Ou alguém legal pra me abandonar
Pra enlouquecer um pouquinho ou talvez,
Ou um montão, sei lá
Foi aí então que eu te encontrei
Absolutamente pronta para arrebentar
Com os corações dos desavisados
Procurando alguma presa para estraçalharParei, pensei, filosofei
Há sempre uma outra pose por trás de quem posa
Mas ela posa bem, e como um animal rastejador, te perguntei
Ta a fim de ir para o Universo Paralelo?
Ta a fim de arrebentar no Universo Paralelo?
E de repente o telefone toca e é você
Do outro lado me ligando, devolvendo minha insônia
Minhas bobagens
Com a mesma falta de vergonha na cara eu procurava
alento no
Seu último vestígio, no território, da sua presença
Impregnando tudo tudo que
Eu não posso, nem quero, deixar que me abandone

terça-feira, 13 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

A Criação. Limites. Clichês. Regras.

A Criação

Quase tudo que você vê ao seu redor o homem criou. Aquilo que o homem não criou é aquilo que criou o homem.

Os limites necessários

Sim, limites são necessários ao desenvolvimento das estratégias. Assim como a preguiça impulsiona a evolução de equipamentos cada vez mais complexos na estrutura, mas simples e eficazes em usá-los, cada vez mais dando conforto ao consumidor (ou ao homem, pois no capitalismo um recém nascido é um novo consumidor). Limites algumas vezes nos levam aos conflitos, conflitos melhoram nossas habilidades. Desafios fazem vencermos a nós mesmos. Fronteiras nos jogam ao outro lado delas, somos desbravadores por natureza. Dotados de curiosidade e de adaptação somos estes seres.

Onde estão os limites

Existem particularidades. Minhas limitações residem todas elas em minha mente. Meu corpo permanece saudável, mas minhas emoções indicam que minha mente não está saudável como o corpo, então eu começo a sentir alguns sintomas inclusive no corpo físico e capaz é de eu acreditar neste aviso, neste blefe. (Claro que não somos personagens oníricos. Falar de limites e possibilidades abre uma discussão grande e desnecessária, então trago logo à linha do discurso que os limites aos quais me refiro são os normais. Não estou dizendo que por termos um corpo e uma mente saudáveis poderíamos então voar, ou viver debaixo d’água.)Por esta questão de o estado mental impor limites ao corpo é que coloco aqui a questão seguinte: Uma pessoa que tenha alguma limitação no corpo físico pode viver (e muitas vezes vive) melhor do que uma pessoa que não a tenha. É uma questão a se pensar, porque estamos precisando conhecer efetivamente a nós mesmos.

Clichê

Certo, pode ser também alvo de clichê o que foi dito. Mas acredito que não torna menos importante tal assunto. Eu mesmo já perdi enumeras oportunidades por causa de um estado mental chamado Síndrome do Pânico. Seria o medo um clichê? Mas é algo real e que desvia atitudes e decisões antes certeiras? O que falar sobre ansiedade, claustrofobia, taquicardia, angústia, vergonha, sentimento de incapacidade, de invalidez. Tais emoções e sentimentos quando passam para o corpo com seus sintomas esmagadores a coisa fica muito séria. Clichês então talvez devam ser levados mais a sério.

Regras

A única regra em que acredito é não pode haver regra alguma. Óbvio que esta regra implica em várias exceções. Um software tem suas regras, um jogo de futebol ou uma escala musical. Porém, todos nós sabemos do que estou tratando aqui, da vontade livre de cada ser humano. Reformulando a primeira sentença então: A única regra em que acredito é a regra que não existe, já que regras não podem existir (me refiro àquelas que limitam as experiências e vivências humanas).

Conversa consigo

E ele acorda. Ainda deitado lembra-se de ontem. Sentimentos muito misturados, e os bons e os ruins se matando. Então um dos seus alter egos disse:

-Ta. Fale então umas cinco ou dez palavras soltas.

-Ele disse: incertezas, lembranças, medo, vergonha diante das pessoas que do ontem não sabem, alegria, conforto, medo das conseqüências... E o coração balança? E o coração romântico? E o coração artístico? E o coração?

-Mas eu disse umas cinco ou dez, e disse palavras soltas, como dadaísmo mesmo.

-Ok, alter ego, mas é que às vezes as emoções e a razão ficam disputando lugar na gente.

Tudo bem, tudo bem então, afinal isso aqui não é pra esclarecer nada mesmo, nem resolver, nem encaminhar, nem fazer sofrer, nem fazer chorar, nem fazer saber, nem mesmo pra confundir. É só para desabafar.